quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

2015

Eu pretendia escrever uma bela retrospectiva de 2015, mas esse ano me parece tão sem ter o que contar....o que rever...

Um ano de transição, de encaminar finais de situações, de relações... Mas nada muito diferente, nada que valha nota aqui.... Ao menos na minha vida (e como a retrospectiva é tradicionalmente sobre mim...)

Houveram perdas, assim como ganhos, despedidas e apresentações, vitórias e derrotas.... Muitos aprendizados (principalmente sobre as relações humanas e sobre os meus limites em relação aos outros)

Mas foi um ano bem menos movimentado do que os últimos, ou talvez essa seja a minha impressão agora que resolvi escrever sobre....

Talvez eu tenha esperado de mais pra cumprir essa "tarefa" e isso seja o simples reflexo da época do ano na minha cabeça....

Quem me conhece sabe que os últimos dias do ano (assim como os primeiros) são sempre difíceis de atravessar, e que o próximo mês provavelmente será muito mais de silêncio e recolhimento do que de qualquer outra coisa.

Então gurizadinha... Bom finalzinho de 2015 e um baita 2016 pra nós

sábado, 29 de agosto de 2015

Orgulho - parte 2

Trago de volta um texto lá de maio de 2013 por achar que mais uma vez ele se faz importante:

"eu não me orgulho por não ser fumante, nem por ser heterossexual.
não me orgulho de ser caucasiana...
de ter amigos gays???
negros??
deficientes??
não....eu não me orgulho...
assim como não me orgulho por ter amigos católicos, espiritas, umbandistas, candomblecistas, luteranos e judeus....
também não me orgulho de ter amigos hétero.
de ter amigos homens, nem de ter amigas mulheres.
sacerdotes ou seguidores.
não me orgulho pq não precisei me esforçar, romper barreiras ou ir contra as crenças da minha família pra isso....
me orgulho sim...e muito, das lutas de alguns amigos pela conquista dos seus direitos....as vezes luto junto inclusive..
mas não é a cor da pele, a religião, a orientação sexual ou a condição física que fazem eu me orgulhar de te-los como amigos e sim as histórias de vida, os comportamentos, as conquistas e também as derrotas de cada um deles...
pq pra mim cada uma dessas características são naturais do ser humano.
e me orgulho sim da diversidade humana e da capacidade que temos de aprender uns com os outros."

E atualmente também me orgulho (e muito) de mesmo sendo heterossexual ter sido chamada pelos integrantes de uma ONG que luta pelos direitos da comunidade LGBTTT para integrar a coordenação junto com mais dois grandes parceiros (um gay e uma lésbica).
Me orgulho de mesmo tendo que vencer preconceitos (já ouvi inclusive um militante raivoso ligado a outra ONG dizendo que heterossexuais são o lixo da sociedade na minha primeira atividade pública como representante da Outra Visão) ter tido a coragem de assumir essa função.
A minha participação ativa no movimento foi anunciada no meio da semana, como convite para o Seminário do Nuances e gerou uma certa agitação "e agora como tu vai conseguir convencer o povo que tu é realmente hétero?"  sinceramente... isso não me preocupa...
não nesse momento...
não depois de um grupo de pessoas que eu tenho em alta conta terem me considerado apta para representa-los e para auxiliar no crescimento do movimento que tenho assistido e apoiado nos últimos anos.
pq sim... eu tenho orgulho de ser uma heterossexual que foi escolhida pra coordenar uma ONG LGBTTT e agradeço imensamente a confiança que os nossos associados e os meus parceiros de coordenação depositam em mim!! e prometo me empenhar ao máximo para ser digna de tal confiança.

Então meu povo é isso... a Flôres agora coordena a ONG Outra Visão - LGBT junto com o Thiago Fiorino e a Priscila Leote e aproveita esse texto pra convidar vocês pra conhecerem a nossa página no Facebook (lançada essa semana) e acompanharem também o nosso Blog que está sendo reestruturado pela nova gestão.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Reconstruindo histórias....

Cada vez que entro na casa de alguém da família do meu pai (ou dos amigos dele) me oferecem um mate e uma história, que geralmente começa assim "essa cuia ganhei do teu pai quando...",  "essa foi ele que curou pra mim lá em..."ou ainda "tu me desculpa, a minha cuia boa...a que o teu pai curou, agora é só enfeite, furou de tanto uso...".
Aos poucos fui entendendo que ele não curava cuias só pra ele (e quem me acompanha por aqui sabe do quanto isso fazia parte da nossa relação, quem é novo por essas paragens talvez deva ler o Amargo) mas também para os irmãos, primos e amigos... ele foi espalhando cuias pelo estado inteiro e me parece que junto com os porongos ele mandava boas lembranças.
É fenomenal tantos anos depois reencontrar pessoas e em uma roda de mate ver seus rostos se iluminando ao dizer "eu ainda tenho aquela cuia" e na sequencia ouvir alguma boa história de juventude.
Foi por uma situação dessas que no início desse ano resolvi que ia começar a trilhar esse caminho.... ou tentar.... fazer do que aprendi com meu pai não mais um processo de cura.... não mais algo pra mim... .a primeira ficou pronta hoje depois de quase um mês  e acho que consegui sim construir algo novo nesse caminho....

segunda-feira, 30 de março de 2015

Não é gritando que a gente se escuta

Me espanta a falta de foco e de organização dos movimentos sociais....

Chegando a um protesto contra um político da bancada evangélica com muitos posicionamentos homofóbicos encontrei manifestações belíssimas, uma bandeira LGBT recebia a todos ecoando musicas ligadas a temática gay, uma faixa perguntava se o Brasil será governado pela Bíblia ou pela Constituição.....todos os manifestantes ali estavam sorridentes e o tom era de descontração.

Clima que não se repetiu no local previsto para as falas dos parlamentares..... como foi dito pelos manifestantes "protesto não é crime, a luta não se reprime" mas tudo tem limite.... o bom senso faz bem.... e mais ainda...a lógica é importante....
O protesto ali era contra o fundamentalismo e a intolerância.... em defesa da democracia, da liberdade, dos direitos sociais e da constituição brasileira (ao menos era o que dizia a faixa lá na frente... lembra?).

Fazer apitaço e gritar coisas como: "fora, Cunha", "não, não me representa, não" e "Cunha, seu machista, tu és corrupto e ainda moralista", "a nossa luta é todo dia contra machismo, racismo e homofobia", "eu beijo homem, beijo mulher, tenho direito de beijar quem eu quiser" enquanto se organiza o evento.... pra mim faz sentido....muito... enquanto o cerimonial anuncia as autoridades.... até acho ok... e quem estava no meio dos "não manifestantes" viu que isso não incomodou nada era só um "sabia que os PeTralhas viriam" (mesmo que 90% - ou mais - dos manifestantes estivesse identificado como sendo de outros partidos ou movimentos sociais).

O que pra mim não tem lógica é que companheiros tentem puxar palavras de ordem novas e sejam abafados por mais uma repetição de outros como aconteceu com algumas meninas que tentaram pedir a legalização do aborto. Muito menos seguir gritando palavras de ordem, e particularmente palavrões durante a execução do hino nacional, já que o que se defendia ali era a integridade da nação, a constituição e o respeito aos direitos....

O protesto que vinha bonito de ver (que me desculpem os apoiadores do Cunha...mas estava lindo) perdeu o rumo ali. Os comentários passaram a ser sobre como "esses viados baderneiros" não eram capazes de respeita a Pátria.

Depois disso o presidente da casa ainda tentou iniciar o evento sem obter sucesso e após conversar com os manifestantes (ainda sob palavras de ordem e apitaço) decidiu por transferir o debate para outro local, sem a presença de manifestantes.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

desabafo...

acho muito engraçado quando as pessoas tentam me convencer que sabem mais da minha sexualidade do que eu, mesmo tendo me conhecido  a poucos minutos (contra os meus 26 anos de experiência no caso em questão)...
ou melhor....engraçado não....
acho ridículo....
absurdo....
ultrajante.....
ainda mais quando quem tenta me "tirar do armário" é alguém possivelmente já sofreu opressão em função da sua orientação sexual....
já me afastei de amigos por achar xarope o papinho de "tu só não te descobriu ainda"...
e sinceramente....não entendo o que os outros se importam tanto com a orientação sexual de alguém que eles não vão beijar, com quem eles não vão dormir....
me sinto absurdamente agredida e não entendo como militantes lgbt, de igualdade de gênero e de outras causas irmãs conseguem chegar a esse nível de violência só por achar que as minhas roupas são "de sapatão" (sim, essa eu escuto sempre)...

deixando claro que eu não me importo nem um pouco que pensem que eu gosto de mulher....até pq não acho que isso seja um problema....a merda começa quando tentam me convencer que eu tenho que gostar de mulher.....

Vei....eu gosto de meninos....só de meninos...meninos com barba ganham muitos pontos....

pode ser que um dia isso mude...pode....mas não...as minhas roupas não tem p*** nenhuma a ver com isso....